“Sons do Douro” é um espetáculo único, que evoca o imaginário
duriense que se redescobre em cada momento musical, em busca dos ambientes, dos
sons em pipas de vinho que outrora percorriam as margens do rio Douro em
direção ao infinito. Apreendemos o tempo, a alma e memória de uma paisagem que
nos prende e nos sobressalta, através da proximidade com acontecimentos do
quotidiano como os sons de pés a escorregar nos xistos dos socalcos ou dos
cestos vindimos cheios de uvas às costas de quem ajudou a extrair das
profundezas o precioso néctar que corre o mundo, dos chocalhos das juntas de
bois que ajudavam da terra os homens a puxar à sirga os barcos rabelos ou do
som cantado das tesouras de poda. Envolto numa ideia mítica de uma região com
história e identidade, consagrada e celebrada pelos vinhos do Douro e Porto, o
espetáculo “Sons do Douro” pretende promover um encontro emocionante de estilos
musicais (música popular e percussão contemporânea) que se tornam singulares
quando conjugados.
A Coordenação Artística é da responsabilidade de Filipe
Marado (Professor de Música, Autor, Compositor e Intérprete), que compôs e
preparou uma série de temas musicais executados por 12 jovens músicos, com
idades compreendidas entre os 18 e os 30 anos, provenientes dos concelhos de
Lamego, Peso da Régua e Vila Real.
Sobre a escolha dos temas musicais para o espetáculo “Sons do Douro”,
Filipe Marado explica que, após quatro semanas de ensaios e de preparação deste
projeto musical inovador - promovido pelo Museu do Douro -, seguiu uma linha de
inspiração em que o Douro Vinhateiro é uma referência central e
insubstituível:
“Meti a mão no pico de Urbiõn e de lá saquei o Sol. Depois
fiz Homens e convoquei-os a fundirem-se com a terra sob o grito Ao
Douro. Lá labutaram e sangraram pelos Calosrebentados.
Mas as forças não se inventam nem aparecem do Meu santo ar, dei-lhes oBicho para matarem e
braços e mente saciar. Vi-os moldar o Douro e sofrer como perdidos... Descansem
agora pequenos, desta parte trato Eu. Rebentei cachos, encarnei a paisagem, sssch,
pouco barulho, deixai-me trabalhar. Chegou novamente a vossa hora, em força
para os Socalcos, puxem cestos e
suor, tragam-me a matéria maior. Lavei-lhes os pés e fi-los dançar como Codornizes em
fila a marchar. Ficou feito, ficou pronto. Dei a todos o bom vinho a beber, ele
que venha do bom pipo, Corra o Pipo pelo homem e
mulher. Mas que hino lhe dediquei? Que línguas o podem contar? Sem palavras
ficou o Meu Douro, sem palavras o fiz cantar.”
Músicos: Alexandre Martins, André Moutinho, David Rodrigues, Fábio Cruz, Hélder
Mota, Mathieu Martins, Miguel Alípio, Miguel Cruz, Pedro Cruz, Pedro
Montenegro, Rangel Coutinho e Ricardo Ribeiro.
Reportório de Músicas: “Ao Douro”, “Só Calos”, “Mata o
bicho”, “Ssssch”, “Socalcos”, “Puxa”, “Dança das Codornizes”, “Corra o Pipo
(Ele que venha)”, “Douro Sem Palavras” e “Malhão”.
“Sons do Douro” -
Projeto Musical
“Sons do Douro” - Projeto Musical